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quarta-feira, 6 de maio de 2020

190 ANOS DA IMIGRAÇÃO GERMÂNICA EM ANTÔNIO CARLOS


Hoje Antônio Carlos comemora os 190 anos da chegada dos primeiros imigrantes germânicos nas terras de nosso município.

Embora se dê ênfase à colonização alemã, é necessário lembrar que muitas das famílias que até pouco tempo se consideravam de origem alemã tem, na verdade, ascendência luxemburguesa. Esta realidade veio à tona quando, a partir de 2008, o Grão Ducado de Luxemburgo flexibilizou a legislação para que descendentes de luxemburgueses ao redor do mundo também pudessem se tornar cidadãos europeus, buscando a dupla cidadania. De lá para cá, dezenas de famílias Antônio-carlenses descobriram-se de origem luxemburguesa.


A história destes alemães e luxemburgueses com nossa cidade começa nos idos do século XIX, quando o governo imperial brasileiro buscava angariar imigrantes europeus para povoar as terras devolutas do Brasil.

Deste processo nasce, inicialmente, São Pedro de Alcântara, a primeira colônia germânica de Santa Catarina. “Em novembro de 1828, dois navios – Louise e Marquez de Vianna – atracaram no porto da então Desterro com 635 imigrantes em sua maioria provenientes da região de Trier – vale do rio Mosela – Hunsrück e Eifel –, hoje Renania-Palatinado, destinados a formar a primeira colônia alemã junto à estrada que ligava a Capital à Cidade de Lages.
Sede de São Pedro de Alcântara, com a atual Igreja Matriz em construção, em 1929.

Em carta datada de primeiro de março de 1829, o Major de Milícias Silvestre José dos Passos, responsável pela implantação e assentamento da colônia, deu noticia aos superiores de que uma leva de 60 colonos já estava alojada e pronta para iniciar seus trabalhos nas terras do Novo Mundo. Esta carta é uma espécie de certidão de nascimento da primeira colônia de alemães do Estado de Santa Catarina. Além daquele núcleo pioneiro de alemães quase todos católicos, mais tarde juntaram-se na colônia São Pedro, alemães luteranos e luxemburgueses. Oriundos de São Pedro de Alcântara, muitos dos pioneiros se deslocaram para outras regiões onde fundaram ou ajudaram a fundar muitas comunidades”. [1]

A saída de muitos destes imigrantes da colônia de São Pedro de Alcântara, dando origem à colonização de outras regiões vizinhas, deveu-se, entre outras razões, ao descontentamento de muitos em relação ao relevo e a pouca fertilidade do solo da região.

“No início da instalação da colônia, um novo surto de insatisfação geral invadiu os imigrantes: além de atraso no pagamento das diárias a que faziam jus, havia agora condições imprevistas e adversas de duro trabalho na mata: as terras, além de íngremes e de pouca fertilidade, mostravam-se, em grande parte, desfavoráveis às atividades rurais. Já em fevereiro/março de 1829, portanto, durante os trabalhos iniciais no local escolhido para o estabelecimento da colônia, principiaram a ocorrer as primeiras deserções: algumas famílias decidiram fixar residência em Desterro e em São José, outras foram instalar-se, a partir de 6 de maio de 1830, na região do Alto Biguaçu (Louro), lançando os alicerces da cidade de Antônio Carlos. Naquela ocasião, solicitaram, também, a concessão de terras mais adequadas às atividades rurais no Patrimônio das Caldas do Cubatão (hoje Caldas da Imperatriz e Águas Mornas). Tal pedido, porém, foi indeferido, sob a justificativa de que aquelas terras não eram devolutas e, além disso, porque estava fora do trajeto do projetado Caminho-de-Tropas para Lages”. [2]

Deste modo, em 6 de maio de 1830, João Henrique Soechting (Johan Henrich Söchting), acompanhado de sua esposa, Guiomar da Silva, e de seu filho, Júlio César Soechting, iniciam a colonização das terras do vale do Rio do Louro, acompanhados de outros imigrantes, dando início à segunda colônia alemã de Santa Catarina. Até setembro de 1830 os pioneiros, muitos deles soldados, alguns agricultores, outros marceneiros, alfaiates, ferreiros, eram os seguintes:
Adão EMMERICH, mulher e quatro filhos;
Antônio SCHENK, mulher e filha;
Francisco SCHWARZ, mulher e filho;
Jacob SCHWARZ, mulher e filho;
João GEISSBUSCH, mulher e quatro filhos;
João Henrique SOECHTING, mulher e filho;
João SCHWARZ, mulher e filha;
José RUPPEL, mulher e dois filhos;
Maria CRELS e dois filhos;
Niolau BINS, mulher e dois filhos;
Nicolau HERMES, mulher e quatro filhos;
Matheo JOCHEN e cinco filhos;
Henrique MEINSCHEIN;
João HOLZE;
João SIEGLIN;
Nicolau SCHWARZ;
Theodoro Antônio REVOETS;
Tomaz HOENER.

Mas nas décadas seguintes inúmeras outras famílias também rumaram para estas terras. Segundo nosso padre historiador, Raulino Reitz, os sobrenomes destes imigrantes são:
Alflein, Alflent, Allein, Bachmann, Baumgarten, Berns, Besen, Bunn, Bins, Bohn, Clasen, Conradi, Conrat (Konrath, Konrad), Decker, Deschamps, Diedrich, Diemon (Dimon), Egerth (Egert), Feltes, Franzner, Freiberger, Gässer (Gesser, Guesser), Gelsleichter, Goedert, Gorges, Haack (Hack), Habitzreiter, Hammes, Hermes, Hillesheim, Hoffmann, Jochen, Junkes, Kammer, Kindermann, Klasen (Clasen), Klein, Koch, Kehrig (Koerig, Koerich), Kons, Krämer (Kraemer, Kremer), Krätzer (Kretzer), Kraus, Kreusch, Kreutz, Kroeff (Kreff), Kuhn, Kunz, Ludwig, Mangrich (Mannrich), Mannes (Manes), Marthental (Martendal), May, Meyer, Meinschein, Meurer, Michels, Momm (Monn), Morsch, Müller, Münich, Nau, Neis, Neumann, Pauli, Peppler, Pering, Petry (Petri), Pfeiffer, Philippi, Pitz, Platten, Prim, Rassweiler (Rasveiler), Rech, Reinert, Reitz (Raitz), Rangel, Richard, Richartz, Rohden, Rohtstein, Sabel, Schaeffer, Schappo, Scherer, Schmidt, Schmitt, Schmitz, Schneider, Schneit, Schuch, Schuechter, Schütz (Schuetz), Schwartz, Schweitzer, Schwabe, Schwambach, Sens, Simones, Soechting, Staeheling, Steffens, Waldrich (Waltrich, Valtrich), Walter, Weber (Veber), Weingarten, Werner, Wiese, Will, Winter, Wilperth (Willpert), Wilvert, Wilvertsdedt, Zimmemann. [3]

Com sempre digo, a história de Antônio Carlos se funde com a história destes imigrantes e dos inúmeros homens e mulheres que, ao longo das décadas seguintes, foram escrevendo suas histórias e a história de nossa cidade.
Capela do Sagrado Coração de Jesus (local da atual Igreja Matriz), em Antônio Carlos. Data Desconhecida.

Esta terra, ainda em estado primitivo, que necessitava de muito trabalho para ser cultivada, deu frutos, muitos frutos. O suor de inúmeras famílias fez brotar destas terras uma pujante economia. A soma de fatores como a dedicação ao trabalho, valorização dos estudos e uma fé ardorosa, fazem de Antônio Carlos uma cidade privilegiada para se viver.

Assim como no século XIX os primeiros colonos foram atraídos para estas terras, ainda hoje, em virtude das qualidades que nossa cidade possui, muitos tem escolhido Antônio Carlos para viver e investir.  Somos todos uma grande família, os que aqui nasceram e os que escolheram nossa cidade como seu novo lar, todos irmanados buscando construir uma cidade cada vez melhor! Isto porque nosso passado nos honra, nosso presente nos orgulha e nosso futuro nos desafia constantemente.

Aos antônio-carlenses de ontem, que ajudaram a construir a Antônio Carlos de hoje, e aos antônio-carlenses de hoje que construirão a Antônio Carlos de amanhã PARABÉNS PELOS 190 ANOS DA IMIGRAÇÃO GERMÂNICA.

PARABÉNS AOS NOSSOS PIONEIROS, PARABÉNS AOS NOSSOS ANTEPASSADOS! PARABÉNS A NÓS, SEUS DESCENDENTES, ESPALHADOS POR TODO O MUNICÍPIO E TAMBÉM POR OUTRAS TERRAS DE NOSSO PAÍS OU FORA DELE.



[3] REITZ, Raulino. Alto Biguaçu - Narrativa Cultural Tetrarracial. Coedição Editora Lunardelli/Editora UFSC, 1988, p. 39-40.